terça-feira, 16 de outubro de 2007
OS MILAGRES ACONTECEM
A poesia de Bernardes Silva inspirou um conjunto diversificado de intervenções poéticas, gerando uma atmosfera mágica que povoou de espanto e emoção quem ousou participar na sessão de lançamento do livro Poesia Sonetada.
Aos 75 anos publicar poemas de amor é já de si um feito invulgar. A presença de tantos participantes, prescindido de fruir de uma tarde de Outono solarenga, de assistir ao jogo da selecção nacional e às comemorações do 9oº aniversário das aparições de Fátima é no mínimo espantoso.
A inesperada participação do Sr. Vereador da Educação e Cultura da CMA, António José Matos surpreendeu todos e em especial o poeta e autor de poesia rimada em 14 versos.
Cinquenta livros vendidos em maré de vacas magras foi outro dos pequenos improváveis que aconteceram neste sábado 13 de Outubro. Fica no ar a dúvida se o sortilégio foi devido a ser dia treze ou da mensagem poética
sábado, 13 de outubro de 2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
É urgente reinventar o destino
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Na história fálica
De guerras e epopeias
De deuses e heróis
Quase sempre olvidada
Muitas vezes vilipendiada
Raramente elogiada
Impura, manhosa, traidora,
Frágil, maldosa, inferior
Tatuagem na pele do tempo
Peia que tolhe o destino
Imaginário que retarda o devir
É preciso semear
Outro modo, outro lugar
Outro jeito de ser e pensar
De madrugadas luminosas
Campo de poesias e utopias
De papoilas multicores
Salpicando planícies de ternura
Primavera anunciada
Por cânticos de rouxinóis
Trinando violinos
Em margens de afectos
E inquietos murmúrios
De águas cristalinas
Nova mensagem
Esperança renovada
Onde a razão e a emoção
Se abracem e exponenciem
E te reveles e reinventes
Na efémera eternidade
De quotidianos partilhados
Por pessoas singulares
Prodigiosas e falíveis.
Anónimo do século XXI
8 de Março de 2007
Professor semador de saberes e de sonhos
Guardo gratas recordações dos percursos pedagógicos realizados com esta turma que serviram de inspiração para uma comunicação que apresentei em Julho passado no XXIX Congresso do Movimento da Escola Moderna, que decorreu no Porto, na hospitaleira Faculdade de Psicolocia e Ciências da Educação.
Este ano o "plantel" foi reforçado com o Diogo e o Gonçalo e conta com 29 elementos.
Neste blog vou tentar partilhar esta aventura que espero aliciante mas também complexa e exigente.
domingo, 15 de abril de 2007
A VIDA TEM DESTAS COISAS ...
Nesta aventura de semear sonhos, partilhar saberes e inquietações tentarei que este blog seja simultâneamente lugar de exercício de cidadania, espaço de cultura e de luta por um mundo melhor.
Sou um homem cheio de sorte.
Os melros, as carriças e as rolas escolheram nos últimos cinco anos o meu quintal para fazer ninho.
As rolas preferem um dos dois pinheiros mansos, as carriças descobriram abrigo debaixo da varanda e os melros escolheram a protecção das trepadeiras que se entrelaçam no muro.
O trinado dos pássaros substitui o despertador às 7 horas da manhã e a Primavera foi anunciada pelas carriças e melros, segurando nos bicos plantas secas e penas, para fabrico dos ninhos.
Assisti à distância com embevecida paciência a construção dos ninhos, que a pouco e pouco foram ganhando forma e mais tarde serviram de aconchego para os ovos que neles puseram.
As carriças, a ave mais pequena de Portugal, faz um ninho muito engenhoso, em forma de bola, onde deixa uma pequena abertura para entrada e saída.Talvez devido ao grande investimento que fazem na sua construção, voltam a utililizar o ninho durante o inverno para se abrigarem e tratam de o recuperar para ser de novo rentabilizado. Curiosamente o mesmo ninho serve anualmente para duas posturas de ovos e duas ninhadas, geralmente com quatro passarinhos.
Os melros fazem um ninho em local protegido da chuva pela própria vegetação e colocam quase sempre três ovos. Dos três ovos nascem três crias que vão crescendo até que a tragédia acontece...
Ao crescerem vão cobrindo as peles nuas de penas e um deles acaba por ser empurrado pelos irmãos para fora do ninho. Todos os anos é fatal a exclusão de um deles e a seguir a morte por queda ou abandono dos progenitores. Tenho assistido horrorizado a este tratamento cruel e pensei que podia evitar o fim trágico de uma das crias.
Adoptei uma atitude mais activa e comecei a reforçar diariamente a ração de minhocas que a mãe e o pai asseguram aos três filhos. Pensei que desta forma evitava a concorrência entre as crias e por via disso a expulsão de um deles do ninho.
A tragédia foi ainda maior porque acabei por encontrar um dos pequenos melros sem vida no quintal e o meu vizinho descobriu hoje mais uma vítima.
A exclusão não se deu por falta de alimento mas por falta de espaço no ninho. As crias tiveram que sair do ninho protector antes de estarem preparadas para voar e acabaram por morrer com fome ou tolhidos pelo frio e a pela chuva. Os meus gestos beneméritos resultaram numa tragédia ainda maior. Na minha consternação sou desafiado a refectir sobre a ingerência abusiva na vida do melros ...
Nem tudo é mau no meio disto porque o ouriço que se passeia de noite no quintal, acabou por ganhar duas refeições imprevistas de carne tenrinha, que o ajudarão a ganhar reservas para o período de hibernação.

